NO TEAR CHAMADO UNIVERSO NÃO EXISTEM PONTAS SOLTAS...

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"E se você dormisse? E se você sonhasse? E se em seu sonho você fosse ao paraíso e lá colhesse uma bela e estranha flor? E se ao acordar você tivesse essa flor entre as mãos? Ah, e então?"

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

PARTE 1: O MENINO QUE QUERIA SER POLÍTICO

Em sua casa, João, o médico, conversa com seu filho, Miguel...

Miguel: Um dia eu ainda vou ser um grande político!

João: Ah, garoto! Se soubesse o quanto é dura a vida de um político, não estaria dizendo isso.

Miguel: Eu sei, mas eu quero.

João: Você só pensa que sabe! Olha, você não iria gostar um dia de ter uma casa, um carro, uma família para te amar e ser amado?

Miguel: Claro, né?!

João: Então! Você não sabe que quem se dedica à vida pública, principalmente aos altos cargos dos Poderes, raramente consegue isso, pois a vida pública requer dedicação integral? Todo seu tempo, seu trabalho, seu esforço, sua atenção... sua vida já não lhe pertence mais. Os poucos que têm família muitas vezes ficam semanas e meses sem poder tocar nas suas esposas ou filhos, pois se torna caro demais, mesmo para o bom salário deles, ficar viajando ou pagando viagens o tempo todo.
É muito nobre, admiro as pessoas que tem esse desprendimento e se dedicam a uma vida tão sacrificante.
Mas temo que no final das contas a pessoa possa se sentir vazia, solitária, sobrecarregada por não ter levado uma vida normal, uma vida para si mesma.
Só as pessoas mais virtuosas são capazes de tamanho sacrifício. É um dom maravilhoso e raro! Mas não queria ficar semanas e meses sem poder falar com você quando estivesse exercendo algum mandato.

Miguel fica com uma cara de chateado...

Miguel: Eu quero demonstrar meu amor à pátria e às pessoas... esse é melhor jeito.

João: Mas pode fazer isso de tantas formas! Mesmo ao juntar um plástico do chão, ao atender bem seus compatriotas, ao prestar bom serviço em qualquer profissão que seja.
Demonstro meu amor à pátria e ao mundo curando ou ao menos tentando curar as pessoas. Já salvei muitas vidas que estavam condenadas. Faço isso de todo meu coração tanto para os ricos que vão à clínica, como aos pobres do meu atendimento pelo SUS ou mesmo voluntário. Mas tudo isso, não impede de eu ter uma vida normal, com tempo para você, sua irmã, sua mãe, meus esportes, e os amigos de vez em quando. É corrido, mas conciliável com certa organização. No caso de um deputado, um prefeito, e até mesmo de um juiz, isso fica bem mais difícil.

Miguel: Mas eu não queria ser médico. Queria usar terno e não um jaleco branco. Não quero ver sangue nem dar injeção em ninguém...

João: (risos) Não fique triste. Desculpe! Acho que não devo interferir nos seus sonhos. Vou ficar triste de não ter meu filho por perto para abraçar, e mais triste se não me der netos, mas com certeza, serei o pai mais orgulhoso do mundo se for uma dessas honradas pessoas que vivem para sua sociedade e não para si mesmas.

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