NO TEAR CHAMADO UNIVERSO NÃO EXISTEM PONTAS SOLTAS...

Minha foto
"E se você dormisse? E se você sonhasse? E se em seu sonho você fosse ao paraíso e lá colhesse uma bela e estranha flor? E se ao acordar você tivesse essa flor entre as mãos? Ah, e então?"

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

SOBRE A DISCRIMINAÇÃO (PEQUENO DEBATE)

O peso da Discriminação é muito grande, inimaginável para as mentes menos perspicazes. Não deve haver psicólogo no mundo que não assine embaixo tal afirmação. No entanto, o mundo não é feito de psicólogos, mas de leigos no que se refere à alma humana, à sua própria e tampouco a de outro. Bem sabemos, da dificuldade de encontrarmos uma raríssima pessoa capaz de mesmo em situações corriqueiras (o que não é o caso aqui) de se colocar no lugar do outro.

Essas incapacidades citadas são as bases da falta de senso daqueles que possuem o preconceito, ou que julgam que o preconceito é uma “constatação” sobre um fato, por exemplo, ao afirmar que os negros têm propensão ao crime, a partir da estatística de que há muitos negros na criminalidade.

Vamos a uma historinha:

Havia cinco aves. Uma Garça, um Canário, um Uirapuru, um Beija-flor, um Corvo.
Todas muito jovens conviviam harmoniosamente. Um dia, enquanto brincavam, o Canário caiu em um pântano ficando todo submerso. As outras quatro se assustaram, pois o Canário sumiu no lodo.
Alguns segundos depois, ele emerge, são e salvo. Então, todas manifestam sua alegria, mas os risos são diferentes dessa vez. Uma das outras quatro, faz a ingênua brincadeira de dizer ter se confundido com o Corvo. E quando diz isso, todas riem ainda mais ao comparar o estado em que estava o Canário com o estado natural do Corvo. Todas riem e apontam para as duas e isso passa a ser o motivo de piadas do momento. “É um corvinho!”, diziam todas!
Claro que a Corvo não achou tão divertido quanto as demais, mas não deu tanta importância. No entanto, as brincadeiras nunca cessavam, e eram sempre referentes à cor do Corvo e não mais vinculadas ao acontecimento no pântano, a qualquer coisa que tivesse a cor escura, por mais repulsiva que fosse a coisa referida.

Nessas horas, sempre se recordava o episódio do pântano já imaginando outras possíveis situações. Coisas como: “Olhem isso!”, “Olhem aquilo!”, “É da cor do Corvo!”, “Se alguém cair aqui fica igualzinho ao Corvo!”, “Achei que era o Corvo que vinha vindo, mas era o Canário que estava muito sujo!”.
Situações assim surgiam, incessantemente, acompanhadas de muitos risos, de modo que, não tardou a haver revides e conseqüentemente hostilidades entre as quatro e o Corvo, que acabou por ser excluído e mesmo se excluir do grupo das brincadeiras, (sem perceberem) o Corvo passou a ser visto sempre como não merecedor, indigno, e logo inferior, e por isso, não tinha por que participar das rotinas das demais e nem ser tratado como parte do grupo.
Mesmo quando tentava as aproximações, era rechaçado com piadas cada vez mais hostis. Na verdade, nem eram mais piadas; passaram a ser a forma de ver e pensar das outras aves, e, portanto, a ser a forma de agir delas em relação ao Corvo.
O Corvo teve assim, durante muitos e muitos séculos seu Orgulho ferido, sua alma humilhada. As conseqüências disso foram que se gerou entre muitas coisas, dor, ressentimento, raiva, autopiedade e baixa auto-estima no Corvo. Conseqüência absolutamente compreensível e natural, resultado óbvio!

O ressentimento e o sentimento imposto de inferioridade podem se impregnar na mente de qualquer ser da terra. Se isso pode ser feito em pouco tempo a qualquer vida, imagine o impacto disso em uma geração inteira. É tão nítido, mas tão ininteligível à maioria esmagadora, tão invisível aos olhos de pretensos visionários.

Porém, isso que citei se deve à outra parte da história das aves, que consiste no fato de que um dia, uma das outras aves se compadeceu do Corvo. Por alguma razão ela percebeu aquela bestialidade, e no uso da autoridade que tinha proibiu tais “piadas”, citações pejorativas, ofensas, agressões, exclusão, etc.

As outras aves não gostaram nada disso. Porém, temendo as punições impostas, passaram a evitar certos comportamentos, mas não deixaram de pensar e agir (em determinadas circunstâncias) daquele modo enraizado em suas mentes. Afinal, como pensamos agimos.

O Corvo até se sentiu mais feliz com aquelas medidas, um pouco de sua subjugada Dignidade de Ave foi aparentemente resgatada com aquilo, mas não tardou a perceber que, na verdade, as coisas não tinham mudado apenas por que houve proibições.

Sendo “aceita” e não mais expulsa diretamente dos grupos, agora era vítima de olhares e insinuações muito sutis. Sentia os pensamentos que se manifestavam nos olhos das outras aves. Eram os mesmos de antes, com bem mais Discrição.
Recebia os piores papéis nas brincadeiras, as piores tarefas nos trabalhos. E nos lazeres estava sozinha.
Seu desempenho era sempre subestimado e depreciado.
Enfim, o preconceito estava ali, escancarado, mas mascarado. As emoções resultantes dele no Corvo, por conseguinte, não deixaram de existir também, é claro.

Ter o Orgulho esmagado é uma das conseqüências mais arrasadoras na Vida de um ser, e lutar por Dignidade e Respeito é algo que se faz mesmo involuntariamente, até quando já se desacredita no próprio merecimento...
Algumas vezes na tentativa de defender seu Orgulho subjugado, o Corvo reagia às ofensas. (O problema era quando a emoção que movia a reação era o Ressentimento ou Raiva, aqueles de gerações de subjugo, exclusão, etc.). Mas, falando apenas da tentativa não movida pelo forte Ressentimento ou Raiva, mas de apenas agressões verbais ou referências pejorativas, houve casos em que o Corvo, sendo chamado pelo Uirapuru de “cara de lodo sujo”, revidou com “cara de tomate podre”. Infelizmente, o Corvo teve que ouvir toda sorte de outras ofensas que teriam dado longas punições para o Uirapuru, que reagiu fortemente por ter se sentido ultrajado por aquela ave inferior. Não podia deixar assim.

O pior disso, é que falavam entre si que o Corvo devia ser punido quando também fizesse referências às cores das demais. Achavam uma tremenda injustiça não poder dizer ao Corvo algo como: “preta suja” e ele poder dizer algo como: “branco doente”.

Eis o ponto chave. Aquele que os menos atentos não conseguem por si só se darem conta (e talvez nem com ajuda). O ponto que se propõe esse texto.

A palavra “branco” no exemplo acima, não vem carregada de significados impostos por gerações de maus usos, nem por sociedades ou culturas preconceituosas. Ou seja, a palavra “branco” não tem o sentido subliminar de insulto ou ofensa, que passou a ser inerente à palavra “preta” com o passar de tantos séculos de seu uso impregnado de Discriminação de todos os tipos.

Lembrando o quão recente se fez o processo de proibições de tais comportamentos referentes à palavra “preta”, e informando que qualquer processo histórico se dá depois de séculos, e não depois de assinado um termo.

Isso quer dizer que em termos históricos, o período de liberdade dos negros da escravidão é ínfimo. Sendo que, aquelas seqüelas psicológicas e culturais não se desfizeram jamais com a assinatura da Lei Áurea, e nem poderiam, pois, como já citado, um processo se fez no decorrer dos séculos em que foram subjugados. Outro processo tem que acontecer para que os efeitos penosos e potentíssimos sejam superados. Estamos no início do processo. Apenas no início.

O desconhecimento da noção de como se dá um processo histórico aliado à falta de tato e conhecimento em relação à alma humana, a incapacidade de se colocar no lugar do outro (mesmo nas mais simples situações, o que não é o caso) são as causas evidentes dos preconceitos e do “sentimento” de injustiça manifestado pelas outras aves ao serem referidas suas cores em um insulto pela preta.

A Discriminação tem, portanto, o caráter ativo e passivo. Sendo que aqui não se trata de passivo aquele que a sofre e ativo o que a comete, mas sim de formas e tipos de Discriminação.
A Discriminação ativa é aquela que pode ser “controlada” e que qualquer um, mesmo sem muita tenacidade pode perceber e identificar.
A Discriminação passiva é a pior, pois é aquela que paira no ar dos séculos... que está enraizada nos nossos âmagos e se manifesta de maneira sutil na nossa cultura, na nossa vida, na nossa família, na nossa religião, nos nossos lazeres, em toda parte.
É aquela que vinculou o sentido da palavra negro a tantos conceitos pejorativos e depreciativos, fazendo de seu uso ofensivo um ato de manifestação de Discriminação que não se justificaria na palavra branco, que em contrapartida na nossa história e cultura se auto-impuseram os equivalentes contrários, tais como: pureza, beleza (valores estéticos do ocidente), superioridade, etc.

Qualquer pessoa desejosa de formar uma opinião mais consistente sobre o assunto, deveria procurar um profissional da História e procurar saber mais sobre como se dá um processo histórico.
Deveria investigar junto a profissionais da Psicologia sobre o comportamento humano e suas reações internas e externas a determinadas situações como a da Discriminação, bem como seus efeitos a curto, a médio, a longo e a longuíssimos prazos (como no caso em questão).
Deveria procurar um profissional da Antropologia e procurar saber mais sobre a formação de certos conceitos e preconceitos culturais.
Deveria também procurar um profissional das Letras (Filologia) e saber mais sobre os efeitos vinculados (e mesmo modificados) que uma palavra passa a ter com o passar do tempo devido a culturas, sociedades, comportamentos, usos, etc. e os efeitos disso sobre tal palavra e situações em que é usada.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

TIRIRICA E A INDIGNAÇÃO; OU É INDIGNIDADE?

É incrível como a eleição do Tiririca causa tanto espanto e revolta nas pessoas. Vejo gente de todas as classes sociais e intelectuais com sentimento de revolta em relação ao assunto. Embora entenda o que dizem, não entendo, como isso pode incomodar mais do que alguns “fichas-suja” terem recebido, também, numerosos votos.
Como é possível que não mostrem toda essa indignação diante desses casos? E diante dos casos daqueles que estão há décadas no poder, sugando o Estado (nós), sem dar nada em troca? Muitos já tiveram tempo de sobra para fazer muitíssimo pela Saúde, Educação, Segurança... mas nada acontece, e as promessas se repetem a cada eleição.
Então aparece um palhaço muito votado, e o caso vira sinônimo de burrice e motivo de furor.
Será mesmo que um discurso bem falado, (mesmo que lido na hora, ou ensaiado aos montes) e um terno e gravata são suficientes para impressionar eleitores? Se tiver determinada formação então... Realmente bastam essas coisas para que o voto nessa pessoa não seja considerado motivo de mesma ou maior indignação do que os votos de um Tiririca?
Quem garante que tal palhaço não possa ter idéias boas para o povo do qual ele faz parte, e que os políticos de terno e gravata, antigos no poder, simplesmente não se importam? Se ele é incapaz para o cargo, também deveria o ser para escolher alguém para assumi-lo.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

CÓDIGO DE DEFESA DO ELEITOR - URGENTE

Propaganda enganosa merece punição, mas por que na política não???

Se uma empresa vai a TV, oferece determinado serviço, e depois se verifica que era propaganda enganosa, tal empresa é processada e tem que pagar indenizações a quem contratou o serviço.

Felizmente, as empresas são obrigadas cada vez mais a falarem a verdade sobre seus serviços e produtos, ou repor ou indenizar os danos que causam por vender uma coisa, dizendo que é outra, dizendo que tal produto faz uma coisa, mas faz outra, ou mesmo induzindo o cliente a pensar que o produto faz algo que ele não faz.

Há multas, há indenizações, há danos à imagem e confiabilidade da empresa.
E há concorrentes trabalhando bem o suficiente para tomar os clientes desapontados e enganados.

Já pensaram como seria bom, se com a política fosse igual?

Que maravilha seria, se as promessas de campanha tivessem que ser cumpridas, sob pena de rescisão de contrato, multas e indenizações.

Se existisse algo parecido com isso, os políticos mentiriam bem menos, e suas promessas seriam bem mais cuidadosas, pois teriam que cumpri-las, ou seriam tirados do cargo, deixando a vaga para o concorrente.

Que maravilha!!!
Não seria preciso esperar mais 4 anos remoendo nosso erro!

Também haveria menos boicotes às propostas um do outro, e se obrigariam a trabalhar em equipe, para o bem da Sociedade e do Estado (como manda a teoria), pois seria uma questão de sobrevivência no cargo que tanto querem...

Teriam que ao invés de boicotar, combinar a ordem em que iriam aprovar as idéias e promessas que cada um fez para se eleger.

Teríamos propostas de verdade, e não promessas vazias!

Poderíamos selecionar os que têm os melhores projetos para Educação, para Saúde, para Segurança, e para cada setor individualmente, já que muitos representantes são escolhidos a cada eleição.

Não cumpriu? Indeniza o cliente... nós... o Estado!
E fica com o “filme queimado”.
E entra o suplente, já sabendo o que lhe espera se agir da mesma forma.

Não seria preciso descobrir e provar imoralidades para nos livrarmos desses políticos...
Bastaria não ser o que nos “venderam” na época das eleições...
Bastaria o fato de nos ludibriarem dizendo tudo que queríamos ouvir, nos iludindo com promessas maravilhosas, e na hora de cumprir, não cumprirem!

Se uma empresa fizesse na TV o que faz um político... ai dela! E olha que o dano causado pela propaganda enganosa do político é imensamente maior do que o dano causado por um produto que não é tudo o que nos fizeram pensar que era.